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Cientista e engenheiro de dados estão em alta e têm salário que pode passar de R$ 20 mil; veja como entrar

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Com desafio de encontrar mão de obra qualificada, profissões seguem em alta em 2024 porque empresas valorizam cada vez mais o uso de dados na tomada de decisões. O g1 conversou com pessoas envolvidas nessas áreas para entender como está o mercado de trabalho.

No universo da tecnologia da informação (TI), as áreas de cientista e engenheiro de dados são as atuais queridinhas do momento. Elas oferecem salários realmente atrativos, mas encontram barreiras para procurar profissionais.

➡️ Eis a explicação: elas são relativamente novas e fazem parte do boom da IA generativa. As empresas estão atrás de quem realmente domina o assunto, mas são poucos aqueles que estão preparados.

Quem já conseguiu se qualificar, passa a ficar mais exigente em relação às vagas. Esses profissionais muitas vezes são atraídos por companhias estrangeiras, que pagam em euro ou dólar, permitindo até que a pessoa trabalhe do Brasil. Esse tipo de oferta mais atraente faz com que o mercado interno tenha dificuldades para reter os talentos.

“Quando vira sênior, você não quer mais trabalhar para companhias brasileiras porque dá para ganhar muito mais recebendo em dólar, e trabalhando do Brasil. Eu já recebi uma proposta para receber US$ 7 mil por mês de uma empresa gringa”, conta a engenheira de dados Gabrielle Azevedo, de 27 anos.

Outra profissão relacionada é a de analista de dados. Ela não tem tanta valorização como as outras duas nem remuneração tão alta, mas a possibilidade de crescimento profissional existe (entenda abaixo).

“Dados são gerados e consumidos o tempo todo e qualquer área pode se beneficiar deles. Isso explica o porquê de estes setores estarem em alta”, diz Bruna Zamith, cientista de dados da Amazon Brasil.

“Hoje em dia, não tem como você fazer inteligência artificial sem ter dados. O engenheiro vai dar suporte, mas o cientista vai ter a habilidade de criar os modelos generativos, por exemplo”, diz Suelane Garcia Fontes, coordenadora técnica do centro de ciência de dados do Insper.

g1 conversou com três profissionais que têm a mesma idade (27 anos), mas que estão em trajetórias e momentos de carreira diferentes. Eles falam sobre suas experiências, desafios e como está o mercado de engenharia, ciência e análise de dados.

g1 também ouviu professores e uma cientista de dados da Amazon Brasil, que falam mais sobre o mercado e dão dicas para quem tem interesse em investir nessas carreiras.

🧑‍🔬 O que fazem esses profissionais?

➡️ Um engenheiro de dados é responsável por projetar, construir e gerenciar a infraestrutura de dados de uma organização. Esse profissional garante que os dados sejam disponíveis, confiáveis e prontos para serem utilizados pelos demais times da empresa.

➡️ O cientista de dados faz a análise dos dados obtidos pelo engenheiro e descobre coisas a partir deles. Com essas informações em mãos, ele vai trazer destaques e soluções. A estatística está muito presente no dia a dia dele. Além disso, vale observar que o cientista trabalha mais próximo de inteligência artificial generativa, um tipo de IA capaz de criar novos conteúdos a partir de ferramentas como o ChatGPT.

➡️ Já o analista vai usar os dados para preparar gráficos e gerar relatórios que ilustrem uma situação. Em outras palavras, ele traduz e transforma os dados em informações que apoiam a tomada de decisões de negócios pelo cientista, por exemplo.

⚠️ Ainda existem outros profissionais com funções relacionadas a essas acima, como engenheiros de analytics, engenheiros de plataforma de dados, engenheiros de machine learning, especialistas em DataOps e por aí vai, explica Artemísia Weyl, professora de programação e de engenheira de dados.

🤑 E como está o salário?

Dados obtidos pelo g1 com a plataforma de empregos Catho mostram que a média salarial em 2024 do cientista de dados está em R$ 7.801, enquanto a do engenheiro fica em R$ 6.927. Quando olhamos para o analista, a média fica em R$ 3.094, segundo o Vagas.com.

Tanto o levantamento da Catho como o da Vagas.com foram feitos nos primeiros meses deste ano.

Fabio Maeda, diretor da unidade de candidatos da Catho, diz que houve aumento na média salarial de profissionais na área de dados entre 2023 e 2024. “Os cientistas e os engenheiros tiveram incremento salarial de 3% e 7%, respectivamente. Isso indica que as empresas estão investindo mais em estruturação, análise e engenharia de dados”.

Para a consultoria Robert Half, os números podem ser ainda maiores no caso do cientista de dados. O estudo divulgado no fim de 2023 mostrou que um iniciante, que ainda está se desenvolvendo, pode receber em média R$ 14.400. Um profissional intermediário pode tirar R$ 18.700 ao mês, enquanto os líderes têm uma remuneração de R$ 24.100.

“Depois da pandemia, quando houve uma série de demissões, as empresas não queriam mais pagar aqueles salários altos. Só que depois elas voltaram a contratar, mas com salários menores. Ainda assim, a remuneração para essas áreas está acima da média em relação a outras profissões”, analisa Isabela Marinho Rangel, engenheira de dados do banco Itaú.

Note que a pessoa que faz análise de dado tem média salarial menor em relação ao cientista e ao engenheiro. Segundo o profissional Raphael Pavan, isso acontece porque esse cargo é um pouco mais antigo, ao contrário do cientista e do engenheiro, que são novos (entenda mais abaixo).

🏢 Onde posso trabalhar com dados?

Ainda segundo a Robert Half, os setores que vão liderar as contratações de profissionais de dados este ano são bancos, indústrias, seguradoras, empresas de educação e de saúde.

Isso também quer dizer que não existem limitações para estas três profissões. É possível encontrar oportunidades em empresas de varejo, alimentos, bebidas, comunicação, saúde, no setor do agronegócio, dentre outros.

Apesar disso, Bruna Zamith, da Amazon Brasil, faz um alerta sobre a falta de diversidade nessas áreas. “De alguma forma, os dados deveriam refletir a realidade. Só que, para que eles reflitam a realidade, é preciso diversidade de informações e tem que evitar vieses”, diz.

“E, para que isso aconteça, a gente precisa de pessoas diversas trabalhando com dados, o que ainda é inexistente na área”, completa.


🎓 Preciso de formação profissional?

Assim como em outras áreas da tecnologia da informação, especialistas dizem que a graduação nem sempre é o único caminho para trabalhar como analista, engenheiro ou cientista de dados.

Um primeiro contato com cursos disponíveis na internet já é algo vantajoso e o estudo constante se torna essencial, porque tecnologia muda o tempo todo.

Segundo especialistas ouvidos pelo g1, os cursos superiores podem ajudar a pessoa a ter uma base mais sólida. “Caso a pessoa não tenha graduação e queira atuar na área, ela precisa entrar em uma faculdade de estatística, ciência da computação ou atualmente no curso tecnólogo de ciência de dados, por exemplo”, diz a professora especializada em dados Artemísia Weyl.

Engenharia de computação, análise e desenvolvimento de sistemas, banco de dados, física ou matemática (estas últimas exigem complemento em TI, posteriormente) são outras graduações que podem ajudar.

🫧 Cursos gratuitos e comunidades de dados

  • Edumi: trata-se de uma organização da sociedade civil (OSC) que tem como objetivo capacitar jovens de baixa renda para o mercado de tecnologia, com foco na área de dados. Oferece conteúdos, exercícios e mentorias para os novatos.
  • PyLadies: comunidade dedicada para mulheres que têm interesse em trabalhar com tecnologia e linguagem Python. Realiza encontros on-line e presencial sobre o tema.
  • Data Girls: comunidade que busca promover o aprendizado, networking e colaboração para mulheres na ciência de dados e na inteligência artificial. Possui grupos de discussões no Telegram e no Discord.
  • Programa de aprendizado do Data Analyst: pensado para quem pensa em atuar como analista de dados, esse curso gratuito do Google Cloud abordando temas como big data, machine learning, SQL, entre outros.
  • Programa de aprendizado do Data Engineer: outro curso gratuito do Google Cloud para quem tem interesse em engenharia de dados. Aborda processamento de dados, criação de pipelines, fundamentos de big data e mais.
  • Açaí com Dados: comunidade com grupo no WhatsApp para troca de ideias sobre o universo de dados e promover a profissão na região Norte do país.

Fonte G1

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