Região

Entenda por que os sorotipos 3 e 4 da dengue preocupam as autoridades de saúde em Campinas

Dengue, Zika e Chikungunya são transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti — Foto: Sean Werle/INaturalist
Compartilhe essa notícia:

Grande parte da população não tem proteção contra esses sorotipos e os que foram contaminados nos últimos anos possuem maior chance de agravamento em caso de reinfecção.

A Secretaria de Saúde de Campinas (SP) está em alerta por conta do risco de reintrodução dos sorotipos 3 e 4 da dengue na cidade. Esses tipos da doença podem causar uma explosão de casos e o g1 explica os motivos nesta reportagem.

Apesar de ainda não ter detectado esses sorotipos em Campinas este ano, a preocupação das autoridades é grande já que o 3 foi encontrado no início deste mês em cidades do interior de São Paulo e de Minas Gerais.

Já o sorotipo 4 voltou a ser encontrado no Rio de Janeiro e já causou um aumento de casos.

Por que os sorotipos 3 e 4 são tão perigosos?

Antes de explicar, é preciso que contextualizar:

  • Quatro sorotipos da dengue circulam no Brasil: 1, 2, 3 e 4;
  • A pessoa diagnosticada com a dengue só cria anticorpos (defesa) do sorotipo específico que contraiu, portanto, pode pegar dengue novamente se for um sorotipo diferente;

Como o sorotipo 3 não é detectado em Campinas há 14 anos e o sorotipo 4 há nove anos, uma parte grande da população não tem anticorpos para esses tipos da doença, principalmente crianças e adolescentes.

Por isso, há o risco maior de infecção nos moradores em caso de contato com o mosquito transmissor.

Quadros mais graves

Nos últimos dez anos, os sorotipos 1 e 2 predominaram em Campinas, por isso, a chegada dos sorotipos 3 e 4 na cidade pode gerar quadro mais graves. Isso porque a reinfecção de dengue por um sorotipo diferente é fator de risco para a dengue grave, conhecida como dengue hemorrágica.

“A segunda infecção por qualquer sorotipo do dengue é predominantemente mais grave que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua seqüência. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são considerados mais virulentos.”, explicou o Ministério da Saúde (MS).

Sorotipos que predominaram em Campinas nos últimos 10 anos:

  • 2013: sorotipos 1 e 4
  • 2014, 2015, 2016: sorotipo 1
  • 2017 e 2018: não informado
  • 2019 e 2020: sorotipo 2
  • 2021, 2022, 2023: sorotipo 1

“É importante lembrar que muitas vezes a pessoa não sabe se já teve dengue por duas razões: uma é que pode ter tido a infecção subclínica (sem sinais e sem sintomas), e outra é pelo fato da facilidade com que o dengue, principalmente nas formas brandas, pode confundir-se com outras viroses”, diz o MS.

Em resumo, grande parte da população de Campinas não tem proteção contra os sorotipos 3 e 4 da dengue, e os que tiveram a doença nos últimos anos têm chance maior de agravamento do quadro em caso de reinfecção.

Combate conjunto

A Secretaria de Saúde de Campinas declarou epidemia de dengue em abril e afirma que o esforço conjunto do poder público e da população é imprescindível para evitar uma explosão de casos e o risco de novos óbitos pela doença.

Até agora, a cidade já teve 10.293 casos e três mortes pela doença.

“Campinas possui muita competência para o enfrentamento das arboviroses, conta com equipe técnica competente de profissionais bem preparados que atuam de forma qualificada. Mas essa luta contra o mosquito é de todos nós, juntando forças da Prefeitura e da população poderemos enfrentar este mosquito e evitar uma situação complicada nos próximos meses”, afirmou Priscilla Pegoraro, articuladora do Comitê de Prevenção e Controle de Arboviroses.

Como ajudar na prevenção?

A Prefeitura mantém um programa de controle e prevenção da doença, mas pede ajuda de cada cidadão para colaborar destinando corretamente resíduos e evitando criadouros.

Levantamento do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) diz que 80% dos criadouros estão dentro das residências.

Para acabar com a proliferação do mosquito é preciso evitar acúmulo de água, latas, pneus, pratos de plantas e outros objetos. É importante, também, vedar a caixa d’água e manter fechados os vasos sanitários inutilizados.

“Então faça sua parte, receba os agentes na sua casa, remova os criadouros e não deixe água parada”, pediu Pegoraro.

Sintomas

A dengue provoca febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia. Caso tenha estes sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde de Campinas para receber atendimento médico.

“O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar um sinal de alarme para dengue hemorrágica”, alerta o MS.

Fonte EPTV Campinas

Compartilhe essa notícia:

Mais lidas

Sair da versão mobile