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‘Gal Costa’: a fotobiografia da musa baiana da MPB chega às livrarias

Gal Costa usa Gucci, em ensaio comemorativo dos seus 75 anos para Vogue Brasil (Foto: Bob Wolfenson/Acervo Vogue)
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Organizada pelo jornalista Marcus Preto, a fotobiografia de Gal Costa recupera histórias ainda não contadas dos 76 anos de vida da artista

Por volta dos 12 anos de idade, Gal Costa anteviu o próprio futuro. Em sua cidade natal, Graça, no estado da Bahia, a pequena Maria (também) da Graça, ainda desconhecida, lia um gibi quando viu da janela de casa um cantor, que se apresentava na televisão local baiana, cercado por uma multidão num alvoroço para conquistar um autógrafo do artista. “Explodiu uma intuição que me mostrou exatamente na situação dele, dando autógrafos. […] Foi uma premonição extraordinária. Mas não comentei com ninguém. Guardei dentro de mim porque achava que as pessoas poderiam achar loucura.” A confissão faz parte das memórias da diva da MPB que abre a fotobiografia Gal Costa, que chega às livrarias pela BEI Editora neste domingo, 03.04, batizada com o nome da cantora.

Idealizado por Kati Almeida Braga, proprietária da gravadora Biscoito Fino, e capitaneado pelo jornalista, produtor musical e diretor artístico Marcus Preto, o livro reúne registros intimistas de Gal. O percurso narrativo vai desde a infância da cantora, passando pelo primeiro encontro com o ídolo João Gilberto, no começo da carreira dela, ao estrelato, passando pela concepção de seu mais recente álbum, Nenhuma Dor, de 2021, que celebra os 75 anos da artista. “A história dela é como filmes e livros que estão por aí e a gente ainda não leu”, pontua o jornalista. “Essa biografia é um ponto de partida para que se investigue e mergulhe nesta história, muito rica, de uma figura que foi fundamental na mudança do comportamento não só feminino, mas brasileiro, de qualquer gênero. Ela mudou o jeito de ser cantora.”

É curioso notar que o garimpo das fotografias e notícias que compõem a obra foi feito em arquivos de veículos, instituições e em acervos pessoais de terceiros – porque Gal não guarda nada. “Ela não tem nem o disco dela”, afirma Marcus, que também cuida da produção dos shows e álbuns da cantora. “Alguns artistas fazem sem saber o que estão fazendo, e a Gal é um pouco assim”, completa.

Capa da fotobiografia Gal Costa (Foto: Bob Wolfenson/Divulgação)

No recheio das mais de 260 páginas, cada fase da cantora é contada por um autor. Além de Marcus, assinam o antropólogo Antônio Ribeiro; o jornalista e crítico musical Leonardo Lichote; o professor da PUC-Rio e pesquisador Júlio Diniz; o poeta e designer Omar Salomão; o professor de filosofia da PUC-Rio Pedro Duarte e o jornalista e pesquisador Renato Vieira. Questionado sobre a ausência feminina na autoria dos textos, Marcus diz que – pasmem – buscou nomes de mulheres que já escreveram sobre a Gal e até perguntou à própria se ela se lembrava de alguém, mas não chegaram a nenhum nome.

Entretanto, a presença feminina se dá em outros projetos da cantora, como a série documental da HBO de 2016 O Nome Dela É Gal – cuja produção a cantora também esteve envolvida – e o filme biográfico homônimo estrelado por Sophie Charlotte, atualmente em pré-produção. As duas obras contam coma direção de Dandara Ferreira. “O livro é de fato um olhar masculino, mas o filme e o documentário são olhares femininos. Precisamos ter em breve um livro da Gal só de mulheres. Este é um ponto inicial e não final.”

Detalhes dos bastidores dos discos apresentam cronologicamente uma Gal plural e camaleoa, como conhecemos hoje. Para a grande homenageada e protagonista da publicação, a sensação é de gratidão e realização: “Sempre tive vontade de ter um livro biográfico de fotos, e esse projeto veio realizar em cheio esse meu desejo”, comemora. “Importante lembrar a minha trajetória guerreira, de defensora da rica cultura musical brasileira.” Agora os registros dessa luta ficarão para a história – e merecem todos aqueles aplausos que ela previu na infância.

Fonte Vogue

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