Luto
O que acontece com os pertences do Papa após sua morte?

Apartamento é fechado para evitar saques e Anel do Pescador é retirado do dedo do Pontífice e destruído
A morte do Papa Francisco marca o final de um ciclo na Igreja Católica. Agora, a instituição entra em tempo de Sé Vacante — período entre 15 dias e 20 dias em que a função fica vaga — até que um sucessor seja escolhido pelo Colégio de Cardeais, durante o conclave.
A morte só é confirmada quando o cardeal camerlengo — que administra a Igreja durante o período da Sé Vacante — chama o nome de batismo do Papa três vezes. Não havendo reação, ele bate em sua testa com um martelo de prata e cabo de marfim. Por fim, pronuncia a frase: “Vere Papa mortuus est” (O Papa está morto).
Após a partida do Papa, diversos ritos começam a ser realizados pela Igreja Católica. O apartamento do Papa é desocupado e lacrado com lacre de cera, até a escolha de seu sucessor. O Anel do Pescador — símbolo do poder papal recebido ao subir ao Trono de Pedro — é destruído, num sinal de que o reinado foi concluído. O camerlengo, cargo atualmente ocupado pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, também é o encarregado dessa função.
Quem foi Francisco?
Papa Francisco participa das celebrações de Natal, na praça de São Pedro, em 25 de dezembro de 2024 — Foto: Alberto PIZZOLI / AFP
Eram 20h12 do dia 13 de março de 2013 quando o argentino Jorge Mario Bergoglio apareceu na sacada central da Basílica de São Pedro, provocando o grito da multidão que, uma hora antes, viu a fumaça branca da Capela Sistina anunciar a eleição do novo líder da Igreja Católica. Bergoglio, o Papa Francisco, não demorou a mostrar ao mundo como era devoto de brincadeiras: “Vocês sabem que o dever de um conclave é dar um bispo a Roma. Parece que meus irmãos cardeais foram buscar-me quase até o fim do mundo”. E veio de Buenos Aires o religioso que, nos 12 anos seguintes, chacoalhou a Cúria levando aos holofotes temas como a defesa do meio ambiente, a punição severa à corrupção no Vaticano e à pedofilia, além de abrir espaço para a discussão da ordenação de mulheres e homens casados.
A saúde de Francisco era motivo de preocupação há anos. Além de um episódio aos 21 anos, quando perdeu a parte superior do pulmão direito devido a uma grave pneumonia, o Papa acumulava problemas no quadril, nas costas e artrose nos joelhos, o que reduziu sua mobilidade ao longo dos anos. Em julho de 2021, o Papa foi submetido a uma cirurgia que retirou 33 cm de seu intestino grosso em razão de uma diverticulite. Diante dos recorrentes problemas de saúde, Francisco chegou a admitir, em uma entrevista no final de 2022, que havia assinado uma carta de renúncia há quase uma década, caso sua saúde precária o impedisse de desempenhar suas funções. Pouco tempo depois, em junho de 2023, ele foi submetido a uma nova cirurgia, que durou três horas e terminou “sem complicações”.
O Papa teve um quadro de infecção polimicrobiana das vias respiratórias detectado por exames na segunda-feira [17 de fevereiro de 2025], segundo um boletim médico divulgado pelo Vaticano, que classificou a situação do Sumo Pontífice como “um quadro clínico complexo”. Francisco estava internado no Hospital Agostino Gemelli, em Roma, devido a um ataque contínuo de bronquite, na semana anterior.
À frente da Igreja, Bergoglio foi, desde o primeiro minuto, um pioneiro. Foi o primeiro Papa latino-americano, o primeiro jesuíta e o primeiro a adotar o nome de Francisco. Os mais de 90 cardeais que o elegeram, entre os 115 eleitores do conclave, confiaram ao argentino a tarefa de combater os escândalos sexuais e os crimes financeiros na Igreja, além de estancar a perda de fiéis no mundo inteiro, especialmente nas Américas.
Fonte O Globo