Brasil

O que se sabe sobre o primeiro caso local de cólera no Brasil após 18 anos

A bactéria da cólera, 'Vibrio cholerae', vista por microscópio eletrônico de varredura — Foto: Sanofi/Flickr
Compartilhe essa notícia:

Doença foi confirmada em homem de 60 anos em Salvador, na Bahia, sem histórico de deslocamento para países com registros confirmados; conheça prevenção e sintomas

Pela primeira vez em 18 anos, o Brasil registrou um caso autóctone de cólera, ou seja, em que o paciente contraiu a doença na própria localidade, sem viajar a outro lugar. O registro foi detectado em Salvador, na Bahia, segundo informou na sexta-feira (19) em nota técnica a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

O caso foi confirmado laboratorialmente em um homem de 60 anos, que é residente da capital baiana. “O indivíduo não tem histórico de deslocamento para países com ocorrência de casos confirmados, nem de contato com outro caso suspeito ou confirmado da doença”, confirmou a secretaria.

O órgão salienta, contudo, que a ocorrência em Salvador é isolada, já que não foi identificada mais nenhum outro registro após uma investigação feita por equipes de saúde locais junto às pessoas que tiveram contato com o paciente.

Os últimos registros autóctones de cólera no Brasil ocorreram em Pernambuco entre os anos de 2004 e 2005, com 21 e cinco casos confirmados, respectivamente. Só aconteceram desde então casos importados, como um de Angola, notificado no Distrito Federal (2006); um proveniente da República Dominicana, em São Paulo (2011); um de Moçambique, no Rio Grande do Sul (2016); e um da Índia, no Rio Grande do Norte (2018).

Sintomas e causa

O paciente em Salvador apresentou em março de 2024 desconforto abdominal e diarreia aquosa. Duas semanas antes, o sujeito havia feito uso de antibiótico para tratamento de outra doença. Um exame laboratorial confirmou que ele estava infectado pelo agente Vibrio cholerae O1 Ogawa, conforme a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

Além de ser causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae O1, a cólera pode ser gerada pelo Vibrio cholerae O139. Esses agentes infecciosos podem ser encontrados no ambiente aquático de forma livre ou associada a crustáceos, moluscos, peixes, algas, aves aquáticas, entre outros. A transmissão ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados, ou por via oral-fecal, de pessoa para pessoa.

A secretaria explica que, embora a maioria das pessoas não apresente sintomas (cerca de 75%), eles são dois principais: vômitos e diarreia líquida de início súbito com rápida e intensa desidratação. Não há febre.

Bactéria “Vibrio cholerae” cultivada em ágar — Foto: Wikimedia Commons

Segundo o Ministério da Saúde, a perda de minerais no sangue desencadeia cãibras musculares e choque, que ocorre quando o volume de sangue baixo provoca queda na pressão arterial e na quantidade de oxigênio — situação que pode levar a pessoa à morte em questão de minutos. Apesar disso, somente entre 10% a 20% dos indivíduos desenvolvem a cólera severa, que se não for tratada, pode levar a graves complicações.

As autoridades estimam que o homem de 60 anos não transmite mais o agente causador da cólera desde o dia 10 de abril. Essa conclusão considera que o período de transmissibilidade é de um a dez dias após a infecção, mas que para as investigações epidemiológicas, no Brasil, está padronizado o período de até 20 dias por uma margem de segurança.

Prevenção e tratamento

O tratamento da cólera, segundo a pasta da saúde, consiste em reidratar rapidamente os pacientes por meio da ingestão de líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO) ou fluidos endovenosos, dependendo da gravidade do caso. Em 80% das vezes, a administração de líquidos e soro já basta. Também podem ser administrados antibióticos para, entre outros motivos, diminuir a duração da diarreia.

Para se prevenir da cólera, a recomendação é lavar bem as mãos com sabão e água limpa principalmente antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após utilizar conduções públicas ou tocar superfícies que possam estar sujas. A higiene também é necessária depois de tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e após amamentar e trocar fraldas.

Também é importante evitar consumir alimentos crus ou mal cozidos (principalmente frutos do mar) e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias. Você pode conferir mais orientações de prevenção nesse link.

Fonte Galileu

Compartilhe essa notícia:

Mais lidas

Sair da versão mobile