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Ucrânia lança maior ataque de drones contra Moscou horas antes de reunião com os EUA sobre possível cessar-fogo

foto: redes sociais
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Ministério da Defesa russo informou ter abatido 337 drones ucranianos durante a noite, enquanto prefeito da capital afirmou que ao menos três pessoas morreram

Ucrânia lançou entre a noite de segunda e a madrugada desta terça-feira o maior ataque a drone contra Moscou em três anos de guerra, atingindo edifícios residenciais e matando ao menos três pessoas, segundo autoridades russas e ucranianas. O ataque massivo foi ordenado horas antes do início da reunião entre autoridades de Kiev e dos EUA na Arábia Saudita, com objetivo de discutir um possível caminho para a paz no Leste Europeu.

“O maior ataque de drones inimigos em Moscou foi repelido”, declarou o prefeito da capital russa, Serguei Sobianin, em um comunicado via Telegram. O governador da região de Moscou, Andrey Vorobyov, disse que os drones começaram a ser identificados e abatidos por volta das 04h (23h de segunda-feira em Brasília)

O Kremlin condenou o ataque imediatamente. O porta-voz Dmitri Peskov acusou Kiev de mirar “casas residenciais”, alegando que as ofensivas russas atingiram apenas infraestrutura militar — apesar dos ataques quase diários, incluindo nesta madrugada, a áreas civis da Ucrânia. Explosões ecoaram por Kiev por volta da meia-noite, com a Força Aérea Ucraniana informando ter identificado 126 drones e um míssil balístico disparados pela Rússia. Ao menos uma pessoa morreu quando um drone atingiu um armazém em Kharkiv.

Kiev, por sua vez, diz que o ataque tem por objetivo pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, a aceitar sua proposta de cessar-fogo aéreo e naval — termos que serão apresentados à comitiva dos EUA em Jeddah, apoiado por nações europeias, incluindo a França, e que Moscou descartou anteriormente.

— Este é um sinal adicional para Putin de que ele também deve estar interessado em um cessar-fogo no ar — disse Andriy Kovalenko, chefe do Centro de Combate à Desinformação do Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia.

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Durante o ataque, as Forças Armadas da Rússia disseram ter abatido 337 drones ucranianos, com o Ministério da Defesa se referindo ao ataque como o mais amplo registrado contra seu território desde o início da invasão da Ucrânia. Em Moscou, pelo menos um prédio residencial foi danificado, e os quatro aeroportos internacionais, que atendem a uma área metropolitana de 21 milhões de pessoas, foram forçados a suspender as operações temporariamente por causa do ataque, disse o órgão de fiscalização da aviação do país.

O ataque ucraniano ocorre após uma série de ofensivas russas por ar e terra nos últimos dias, incluindo um bombardeio com mísseis e drones contra o setor energético do país na semana passada. Com a suspensão da ajuda militar e do compartilhamento de inteligência com dos EUA com a Ucrânia — que Trump afirmou ontem ter revertido em parte —, Moscou acelerou ações ofensivas, bombardeando alvos no país vizinho e conquistando avanços na região ocupada de Kursk e na província de Sumy.

Mesa de negociações

Em Jeddah, às margens do Mar Vermelho, uma delegação americana chefiada pelo secretário de Estado Marco Rubio e uma ucraniana, liderada pelo chanceler Andrii Sibiga, iniciaram nesta terça negociações formais sobre um possível plano de paz no Leste Europeu. O enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse que as negociações tinham como objetivo “definir uma estrutura para um acordo de paz e um cessar-fogo inicial” entre a Rússia e a Ucrânia.

O chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriy Yermak, afirmou que as discussões com a delegação dos EUA iniciaram de forma “construtiva” — um sinal positivo considerando os últimos encontros de autoridades de Kiev e Washington, sobretudo entre os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca.

Delegações de EUA e Ucrânia reunidas em Jeddah, na Arábia Saudita — Foto: Saul Loeb/AFP

Pouco antes da chegada a Jeddah, Rubio afirmou que a ideia de Kiev de instaurar um cessar-fogo como meio de desescalar o conflito e construir confiança entre as partes era um começo “promissor”, mas sinalizou que mais concessões precisariam ser feitas, provavelmente.

— Não estou dizendo que isto é suficiente por si só, mas é o tipo de concessão necessária para acabar com o conflito”, disse o secretário de Estado na segunda-feira. — Não conseguiremos um cessar-fogo e o fim desta guerra se as duas partes não fizerem concessões.

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Longe do front

— Estávamos dormindo, houve uma explosão, as crianças gritaram — disse Yevgenia Bakatuyeva, de 38 anos, que mora em um dos blocos de apartamentos atingidos. — Abri minha porta e todos os vizinhos pularam. Alguém estava coberto de sangue.

Artyom, um gerente de vendas de carros de 34 anos que também mora no prédio, disse que “só viu essas coisas na TV” e que era “assustador na vida real”.

A Ucrânia já havia alvejado Moscou, mas ataques mortais tão longe das linhas de frente são raros. Nenhum alerta de ataque aéreo ou sirene foi anunciado na capital em meio ao ataque.

Mais de 90 drones foram interceptados sobre a região de Moscou, que cerca a capital fortemente defendida, e outros 126 foram abatidos sobre a região ocidental de Kursk, onde as forças terrestres da Rússia estão repelindo uma incursão ucraniana na fronteira. Fora de Moscou, a estimativa é de que 240 drones tenham sido disparados contra as demais províncias. (Com AFP e NYT)

Prédios residenciais foram atingidos pela queda de escombros dos drones ucranianos, em Moscou — Foto: Reprodução / redes sociais

Fonte O Globo

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