Brasil
Análise – Uso de máscaras: necessidade ou teatro?
A esta altura da pandemia, onde não houve distanciamento ou máscaras durante todo o Carnaval, como ficarão as medidas restritivas?
Nos últimos dias, a velha imprensa substituiu a palavra pandemia por folia, aglomeração por comemoração, e máscara por fantasia. E os políticos, que não perdem nenhuma oportunidade de mostrar o quanto são incoerentes – ou hipócritas mesmo –, não economizaram em suas declarações.
Há menos de um ano, Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte, impôs duras restrições ao comércio e apertou o cerco multando em mais de R$ 18 mil quem ousasse trabalhar. Porém, a respeito do Carnaval de rua, mudou totalmente de opinião.
“Estamos em uma democracia. Já pensou se eu fosse prender quem sai de abadá e batendo tambor na rua?”, questionou Kalil, e acrescentou: “Não temos autoridade para proibir que ninguém saia na rua”.
Eduardo Paes, prefeito do Rio, está há meses às voltas com a exigência do passaporte sanitário. Ora decreta obrigatoriedade, ora volta atrás. O que é certo é que, embora Paes tenha anunciado desde dezembro o cancelamento dos blocos de rua, eles estavam lá, firmes, fortes, com muita aglomeração e sem nenhuma necessidade de máscara ou passaporte.
Além dessas inexplicáveis mudanças de posicionamento, vale lembrar a quantidade de políticos flagrados em festas, praias e curtindo a vida dentro e fora do país depois de trancar a população sem o menor critério. O mesmo ocorreu com artistas e celebridades que se esgoelavam nas redes sociais mandando os outros ficarem em casa, mas foram pegos em todo tipo de aglomeração, sem nem lembrar que máscara existe.
Por outro lado, Ron DeSantis, governador da Flórida, demonstrou estar farto do que chamou de “teatro da Covid”. Algumas horas atrás, antes de se pronunciar em um evento na Universidade do Sul da Flórida, DeSantis se dirigiu aos alunos que estavam próximos a ele: “Vocês não precisam usar essas máscaras. Por favor, tirem. Honestamente, elas não estão fazendo nada. Temos que parar com esse teatro da Covid. Se querem usar, tudo bem, mas isso é ridículo”.
A esta altura da pandemia, quando já ficou bem claro que a imposição de restrições não recai sobre todos, mas apenas sobre alguns, é de se questionar se tudo isso que estamos vendo e vivendo é realmente em prol da saúde ou se não passa de um teatrinho que, há muito tempo, já perdeu a graça.
Fonte Patricia Lages