Brasil
Preta Gil morre aos 50 anos após batalha contra câncer de intestino

A cantora e empresária Preta Gil, uma das vozes mais potentes e autênticas de sua geração, morreu neste domingo (20), aos 50 anos. A artista lutava contra um câncer de intestino, diagnosticado em janeiro de 2023, e estava em tratamento nos Estados Unidos. A informação foi confirmada pelo colunista Osmar Marrom Martins, do jornal Correio, e repercutiu rapidamente, gerando uma onda de comoção nacional.
A causa específica da morte, conforme divulgado, foi uma septicemia, uma infecção generalizada, decorrente de complicações do tratamento oncológico. Preta estava em Washington, nos EUA, onde se submetia a uma terapia experimental inovadora, considerada sua última esperança após as opções de tratamento no Brasil terem se esgotado.
Desde o diagnóstico de um adenocarcinoma no reto, a cantora transformou sua luta em uma bandeira, compartilhando cada passo de sua jornada com milhões de seguidores. Sua transparência ao falar sobre as dores, os medos e as pequenas vitórias durante as sessões de quimioterapia, radioterapia e após uma complexa cirurgia de retirada do tumor, inspirou e informou o público sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Legado de Música, Alegria e Ativismo
Filha do ícone da MPB Gilberto Gil e da produtora cultural Sandra Gadelha, Preta Gil construiu uma carreira sólida e multifacetada. Ela não se contentou em viver à sombra do sobrenome famoso e, desde o lançamento de seu álbum de estreia “Prêt-à-Porter” em 2003, marcou seu espaço com um estilo irreverente e pop. A capa do disco, na qual posou nua, foi um ato de vanguarda e uma declaração de amor-próprio, estabelecendo-a como uma forte voz na luta contra a gordofobia e pela aceitação dos corpos.
Ao longo de sua carreira, lançou sucessos como “Sinais de Fogo” e “Meu Corpo Quer Você”. No entanto, seu impacto foi muito além da música. Preta se tornou uma empresária de sucesso e uma ativista incansável das causas LGBTQIA+ e do movimento negro.
O “Bloco da Preta”, criado por ela, tornou-se um dos maiores e mais diversos do carnaval de rua do Rio de Janeiro, arrastando multidões e celebrando a inclusão em uma festa democrática e vibrante.
Preta Gil deixa seu filho, Francisco Gil, fruto de seu relacionamento com o ator Otávio Müller, e um legado de coragem, alegria e representatividade que jamais será esquecido. Sua partida deixa um vazio imenso na cultura brasileira.