Brigitte Bardot morre aos 91 anos

A eterna estrela francesa, que transformou a pacata Búzios em destino internacional, faleceu neste domingo; sua trajetória foi marcada pela transição do brilho das telas para a dedicação absoluta à causa animal

O mundo se despede hoje de uma das figuras mais emblemáticas do século XX. Brigitte Bardot, a atriz que personificou a liberdade e a sofisticação do cinema francês, faleceu neste domingo, 28 de dezembro, aos 91 anos. A notícia foi confirmada pela fundação que leva seu nome, entidade à qual ela dedicou as últimas cinco décadas de sua vida com uma paixão raramente vista entre grandes celebridades.

Bardot, que recentemente enfrentava fragilidades em sua saúde e havia passado por uma intervenção cirúrgica em outubro, partiu deixando um legado que transcende suas atuações memoráveis. Para nós, brasileiros, sua partida toca um ponto especial de nossa memória afetiva, remetendo àquela jovem que, em 1964, buscou refúgio e simplicidade nas areias de Armação dos Búzios.

De símbolo mundial a voz dos sem voz

Nascida em Paris em 1934, Brigitte não foi apenas uma atriz; ela foi um fenômeno cultural. Sob a direção de Roger Vadim em E Deus Criou a Mulher (1956), ela desafiou as convenções da época e se tornou o rosto de uma nova era de emancipação. Sua filmografia, composta por cerca de 50 produções, inclui obras-primas como O Desprezo, de Jean-Luc Godard, e A Verdade, de Henri-Georges Clouzot, onde demonstrou uma profundidade dramática que muitas vezes era eclipsada por sua beleza estonteante.

No entanto, o que define a grandeza de Bardot foi sua coragem de dizer “basta” ao auge da fama. Em 1973, aos 39 anos, ela abandonou os holofotes de Hollywood e da Europa para se tornar a voz dos animais. Sua fundação tornou-se referência global, lutando contra a caça de focas e o abandono doméstico, provando que sua beleza exterior era apenas um reflexo de sua integridade e propósito.

A marca eterna em solo brasileiro

A relação de Brigitte com o Brasil é uma história de amor que mudou o destino de uma região. Ao visitar Búzios na década de 60, fugindo do assédio da imprensa internacional, ela encontrou um vilarejo de pescadores que a acolheu com a discrição que ela tanto buscava. Aquela temporada não apenas colocou Búzios no mapa do turismo mundial, mas também criou um laço indissolúvel entre a atriz e o povo brasileiro.

Hoje, a Orla Bardot e sua estátua de bronze à beira-mar permanecem como testemunhas silenciosas de uma época de ouro. Brigitte Bardot parte, mas sua imagem — seja na tela do cinema ou na defesa fervorosa da vida animal — continuará a inspirar gerações que buscam autenticidade e coragem para seguir seus próprios caminhos.

O Portal iMais manifesta seu pesar e celebra a vida de uma mulher que soube, como poucas, reinventar-se e deixar o mundo um pouco mais consciente.