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Quanto tempo levaria uma viagem até o planeta K2-18b, que pode conter vida alienígena

Localizado a 124 anos-luz (ou 1,18 quadrilhão de quilômetros) da Terra, uma visita à superfície desse corpo celeste está totalmente fora do alcance da tecnologia humana no momento. Entenda por quê
Em um feito inédito, uma equipe formada por cientistas do Reino Unido e dos Estados Unidos divulgou, nesta quinta-feira (17), a descoberta do que parecem ser as evidências mais fortes da existência de vida fora do Sistema Solar. Por meio do Telescópio Espacial James Webb, detectou-se a presença de dois tipos de gases – sulfeto de dimetila e dissulfeto de dimetila – que, na Terra, só são produzidos como resultados de alguns processos biológicos de vida microbiana.
O achado dessas prováveis bioassinaturas levantou a empolgante hipótese de que o exoplaneta pode estar repleto de microrganismos. E, embora mais investigações sejam necessárias para se chegar a conclusões categóricas sobre o assunto, um artigo que descreve as observações preliminares dos especialistas responsáveis foi publicado na última edição da revista The Astrophysical Journal Letters.
A notícia causou um grande alvoroço entre a comunidade científica e a população em geral. Nas redes sociais, alguns usuários chegaram a brincar com a ideia de formar ocupações no território extraterrestre para fugir dos problemas da Terra. Mas, a 124 anos-luz do Sistema Solar, será que viajar até esse planeta seria sequer possível?
Viagem até K2-18b
Primeiramente, uma coisa é certa: a humanidade não conseguirá visitar o K2-18b para ver os prováveis traços de vida de pertinho. Isso porque, até hoje, não conseguimos construir uma máquina com propulsão suficiente sequer para chegar a Alpha Centauri, que é a estrela mais perto da Terra depois do nosso Sol.
K2-18b, como o astro foi nomeado, é cerca de 8,6 vezes mais maciço do que a Terra e possui um valor de diâmetro quase 2,6 vezes mais amplo. Ele orbita na “zona habitável” (considerada a distância em que a água líquida pode existir em uma superfície planetária) de uma estrela anã vermelha menor e menos luminosa do que o Sol.
O planeta está localizado na constelação de Leão, a 124 anos-luz de nós. Como lembra a agência Reuters, “ano-luz” é uma grandeza de distância que se baseia no quanto a luz consegue percorrer durante o período de um ano. Só tem um problema. A humanidade não viaja na velocidade da luz. Pelo contrário, mesmo as máquinas espaciais mais poderosas só podem se deslocar muito mais lentamente que isso.
Considerando a velocidade da luz como aproximadamente 300 mil km/s, um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros. Na prática, isso significa que a distância da Terra até K2-18b é de 124 anos viajando à velocidade da luz ou 1,18 quadrilhão de quilômetros.
Dessa forma, chegar ao exoplaneta aparece como uma missão praticamente impossível com as tecnologias atuais. Isso mesmo em um cenário no qual a operação é conduzida remotamente, sem qualquer tripulante – vale salientar que ainda nem conseguimos enviar humanos para Marte, que está a “apenas” 225 milhões de quilômetros da erra.
Limitações das tecnologias atuais
Hoje, os equipamentos existentes ainda não são tão evoluídos ao ponto de permitir chegadas rápidas a lugares muito distantes no espaço, principalmente aqueles para além do Sistema Solar. Tanto é que só depois de 36 anos, em 2013, a sonda Voyager 1, lançada em 1977, finalmente deixou o nosso conjunto planetário.
A fins de comparação, a Estação Espacial Internacional (ISS) orbita a Terra a uma velocidade de aproximadamente 8 km/s e o Sistema de Lançamento Espacial (SLS) da Nasa, responsável pelas missões Artemis é capaz de atingir 11 km/s. Esses valores não chegam nem perto dos 300 mil km/s necessários para se chegar em 124 anos até K2-18b.
A detentora atual do recorde de construção humana a viajar mais rápido pelo espaço é a Sonda Solar Parker, que, em dezembro de 2024, atingiu a impressionante marca de 692 mil km/h (ou 192 km/s). Essa velocidade, no entanto, foi algo pontual, não é uma rapidez que consegue manter ao longo de suas atividades.
No passado, por volta das décadas de 1950 e 1960, as Força Aérea dos Estados Unidos chegaram a investir pesadamente em um projeto para produzir uma nave espacial movida a pulso nuclear. “Orion”, como ficou conhecida, propunha um equipamento impulsionado por uma série de explosões atômicas, que lhe permitissem chegar à velocidade de 10 mil km/s. O projeto, porém, acabou nunca conseguindo o apoio político e financeiro necessário para ir além de sua fase de estudos teóricos, e foi descontinuado.
Revista Galileu