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Olimpíadas de Paris

Sena poluído, calor, furto, ônibus atrasados: Olimpíadas colecionam problemas

Foto: Divulgação
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Jogos de Paris registram série de intercorrências, provocando reclamações públicas de atletas, delegações e torcedores

O início dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 tem sido marcado pelas disputas entre os melhores do mundo, mas também por problemas logísticos e de organização, o que tem desencadeado reclamações públicas de atletas, torcedores e delegações. Prova de triatlo adiada devido à poluição do Rio Sena, calor em arenas e instalações olímpicas, jogo retomado após quase duas horas, furtos e roubos e ônibus atrasados são algumas das falhas registradas nos primeiros dias do evento.

Poluição do Rio Sena

O maior problema até o momento vinha sendo a qualidade da água do Rio Sena. Em razão da poluição, a prova masculina de triatlo, que deveria ter ocorrido nessa terça-feira (30), acabou adiada para quarta-feira (31), o mesmo dia da disputa feminina. Dois dias de treino já tinham sido cancelados antes.

A limpeza do Rio Sena era o maior desafio da organização das Olimpíadas de Paris. Há 100 anos é proibido nadar no local por causa da poluição.

Dias antes da abertura do evento, a ministra do Esporte da França, Amélie Oudéa-Castéra, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, chegaram a nadar no rio para tentar demonstrar que as águas estariam próprias para banho.

Medalha de ouro em Tóquio 2020, o norueguês Kristian Blummenfelt ironizou o adiamento da prova.

— Quando você acorda às 4h20 para correr, mas não tem corrida — escreveu o triatleta em publicação no Instagram.

O adiamento em cima da hora também desagradou espectadores que haviam ido ao local para assistir à prova.

Onda de calor

Os Jogos Olímpicos começaram sob chuva na cerimônia de abertura, mas os últimos dias têm sido de calor intenso em Paris, com a temperatura na casa dos 35 ºC. Só que a organização do evento e as instalações não vêm agradando.

Em Roland Garros, os espectadores reclamaram das longas filas, debaixo de sol, para entrada na arena e nas estações de abastecimento de água. Conforme o britânico Mirror, espectadores chegaram a passar meia hora na fila para encher as garrafas de água. Fãs reclamaram ainda do desabastecimento de comida.

O tenista britânico Jack Draper saiu da quadra reclamando de não ter conseguido beber água gelada durante os três sets da derrota para o norte-americano Taylor Fritz. A quadra Suzanne Lenglen, que salvou parte da programação do tênis quando choveu, não tinha refrigeração e contava com poucas fontes de água em caixas plásticas.

— Eu disse ao árbitro: ‘É muito ruim que os jogadores tenham que beber água quente quando jogamos nessas condições’ — contou o tenista depois do jogo sob sol escaldante.

— Tínhamos toalhas de gelo e outras coisas, mas geralmente é importante termos boas geladeiras para manter a água fresca. É tão difícil se recuperar quando você simplesmente não está reabastecendo adequadamente. Não há como escapar do calor.

O calor tem sido problema inclusive na Vila Olímpica, residência oficial dos atletas nas Olimpíadas. Com a intenção de fazer um projeto economicamente ecologicamente sustentável, reduzindo a emissão de carbono, o Comitê Organizador construiu o alojamento sem ar-condicionado. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) informou que desembolsaria R$ 230 mil para instalar aparelhos de ar-condicionado nos quartos do Time Brasil.

Assim como a brasileira, outras delegações recorreram ao mesmo expediente, pagando do próprio bolso o aluguel dos equipamentos, o que, segundo o britânico The Guardian, vem provocando críticas de que a organização criou duas castas dentro do evento.

Enquanto uma parte dos atletas dormem confortavelmente com o ar refrigerado, a mesa-tenista romena Bernadette Szocs disse que ela e os companheiros estão tendo de dormir com a porta aberta durante a noite.

Um porta-voz do evento informou ao The Guardian que os atletas têm sido orientados a beber muito líquido, deixar as janelas abertas à noite e fechar as persianas durante o dia.

Camas antissexo

Outra característica polêmica da Vila Olímpica são as camas de papelão, introduzidas em Tóquio 2020 e apelidadas de “antissexo” já naquela edição. Elas foram construídas com materiais 80% recicláveis e, apesar de suportarem 200kg, carregaram a fama de Tóquio de impedirem relações sexuais. É que, na edição passada, havia uma proibição de contato íntima por causa da pandemia de Covid-19.

Falta de banheiros

Atletas dos Estados Unidos sentiram dificuldade em enfrentar a fila para o banheiro na Vila Olímpica. A tênis Coco Gauff publicou nas redes sociais que eram apenas dois banheiros para dez mulheres.

Nos comentários, um seguidor sugeriu que as atletas deveriam buscar por um hotel. Gauff respondeu que cinco tenistas foram para uma hospedagem fora da Vila Olímpica, mas que ela ficou por causa da experiência de conviver com outros competidores.

Comida insuficiente

Nos dias iniciais e antecedentes das Olimpíadas, houve reclamações sobre quantidade insuficiente de comida e carnes cruas servidas no restaurante da Vila Olímpica.

— Faltam certos alimentos: ovos, frango, carboidratos, e depois há a qualidade da alimentação, com carne crua sendo servida aos atletas — contou o diretor-executivo da Associação Olímpica Britânica, Andy Anson, ao britânico The Times.

— Eles precisam melhorar dramaticamente nos próximos dias — complementou.

A Grã-Bretanha chegou a levar um cozinheiro britânico para Paris para garantir uma boa alimentação aos atletas.

Transporte com atraso, calor e erros

Antes do início da competição de skate, Rayssa Leal e outros brasileiros esperaram por quase três horas o ônibus que as levaria do Parque La Concorde de volta à Vila Olímpica. Depois do enorme atraso, os integrantes da equipe brasileira retornaram de skate e táxi.

Mas não só Rayssa e os companheiros que tiveram problemas com o transporte. Outras delegações do Brasil, como da natação e da ginástica artística, sofreram questões semelhantes, conforme o jornal O Globo.

Além dos constantes atrasos, os ônibus eram insuficientes para a quantidade de passageiros e estavam sem ar-condicionado. Erros de percurso e nos locais de desembarque também ocorreram.

Seis nadadores sul-coreanos deixaram a Vila Olímpica e foram para um hotel próximo do local de competição devido a reclamações sobre longas viagens em ônibus quentes.

A mesa-tenista brasileira Bruna Takahashi também reclamou do calor em um ônibus sem ar-condicionado em um trajeto de quase uma hora. Ela recorreu a um ventilador portátil para tentar se refrescar.

Retomada de jogo encerrado

A abertura do torneio de futebol masculino, com o duelo entre Argentina e Marrocos, foi marcada por uma gafe histórica, que envolveu uma invasão de campo, a interrupção da partida e a anulação de um gol pelo VAR com quase duas horas de atraso.

O confronto pelo Grupo B terminou com vitória marroquina por 2 a 1, depois da anulação do gol de empate argentino no 16º minuto de acréscimo do segundo tempo. Uma invasão do campo logo na sequência do gol gerou a interrupção da partida – quando o público, no estádio e em casa, imaginou que o jogo havia sido encerrado com o placar de 2 a 2.

Com a invasão, jogadores e árbitros deixaram o gramado, e a torcida foi embora do estádio. Por mais de uma hora, a partida foi tratada como encerrada com empate por 2 a 2, inclusive no site da Fifa. Porém, o jogo depois apareceu como “interrompido” no site oficial dos Jogos. Na sequência, a organização das Olimpíadas confirmou que o duelo precisaria ser retomado para a devida conclusão.

Insegurança e ataque ao transporte

O treinador argentino, Javier Mascherano, reclamou da organização das Olimpíadas. Além de criticar a interrupção da partida de estreia da sua equipe, o técnico revelou que Thiago Almada teve pertences furtados enquanto treinava com o time.

A imprensa francesa divulgou a informação de que o prejuízo do jogador do Botafogo chega a 50 mil euros (cerca de R$ 305 mil na cotação atual).

No dia anterior à cerimônia de abertura, Zico foi assaltado em Paris e teve um prejuízo milionário ao ter uma mala roubada na entrada do hotel. Os itens subtraídos somam cerca de 200 mil euros, equivalentes a cerca de R$ 1,2 milhão.

Na madrugada do dia da cerimônia de abertura, uma ação coordenada de vandalismo atacou o sistema francês de Trens de Alta Velocidade, o TGV, o que paralisou as operações e chegou a atrapalhar participantes e espectadores das Olimpíadas.

A seleção brasileira feminina de futebol enfrentou atraso na saída de Bordeaux por causa do problema, mas mesmo assim conseguiu sair rumo a Paris depois de uma espera na estação.

Fonte Globo Esporte

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