Economia
Senado aprova medida provisória com salário mínimo de R$ 1.212
Relatora da matéria, Soraya Thronicke criticou o valor e se disse ‘constrangida’ em não conseguir acatar emendas para ampliar
O Senado aprovou nesta quinta-feira (26) a medida provisória (MP) que definiu o valor de R$ 1.212 para o salário mínimo em 2022. O texto foi publicado pelo governo no dia 31 de dezembro do ano passado e, por ser uma MP, estava válida desde a publicação. A medida havia sido aprovada na Câmara na última terça-feira (24) e agora segue para promulgação.
Relatora da MP, a senadora Soraya Thronicke (União-MS) criticou a proposta, dizendo que ela representa pouco. Isso porque o valor previsto não apresenta ganho real no salário, mas apenas a correção inflacionária. “A situação do Brasil não é simples, nossa situação econômica é grave. E eu confesso que eu gostaria de trazer aos brasileiros, com essa medida provisória, uma notícia melhor do que a que a gente traz hoje, da manutenção do valor determinado na medida provisória”, afirmou.
A senadora afirmou que o país fica distraído discutindo questões políticas e ideológicas, mas que a questão não passa de cortina de fumaça que impede as pessoas de prestarem atenção no real problema do país, que é de ordem econômica. “As pessoas ficam se distraindo com bobagens que não vão colocar comida na mesa dos brasileiros”, disse.
Thronicke se disse constrangida em não conseguir acatar uma emenda do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), que propôs que a partir do dia 1º de julho o salário mínimo passaria para R$ 1.300. A senadora pontuou que tentou, mas não viu viabilidade para tal, ressaltando que o preço da cesta básica hoje é R$ 715, o que significa que um salário mínimo não consegue comprar duas cestas básicas.
“E isso porque somos o celeiro do mundo, grandes produtores, e o agronegócio que se mantém forte apesar da pandemia. Fico feliz que o agro está bem, mas todos nós precisamos lembrar que não somos um setor só”, frisou.
A senadora pontuou que a pandemia da Covid-19 gerou diversos problemas graves no país e no mundo, mas que não justifica o Brasil ter a terceira pior inflação entre as grandes economias do mundo, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“É hora de todos os brasileiros prestarem atenção no que realmente importa e pararem de se distrair com conversa fiada”, disse. Ao justificar a inviabilidade de aumentar o valor previsto na MP, Thronicke explicou que cada R$ 1 real que aumenta no salário mínimo provoca o aumento de R$ 364,8 milhões para o ano de 2022 de despesas com benefícios da previdência, abono, seguro desemprego e benefícios de prestação continuidade.
“Não vai para o bolso do brasileiro de forma líquida. Tem uma conjuntura que pesa e que pode nos gerar mais desemprego”, afirmou.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elogiou a fala da senadora, ressaltando a importância de se apontar “a dicotomia verdadeira que existe no Brasil hoje, entre os problemas reais e os problemas criados com o objetivo eleitoral e oportunista”.
“Temos problemas reais no Brasil, que são os problemas de dois dígitos: os dois dígitos da inflação, dos juros, do desemprego, e os dois dígitos que se aproxima o preço da gasolina. Esses são problemas reais que se resolvem com soluções verdadeiras, propositivas”, afirmou.
Fonte R7