Saúde
Casos de câncer colorretal crescem em três décadas; homens são os mais afetados
Entre 1990 e 2019, taxa de incidência entre os homens cresceu 2,6% ao ano; doença atinge 174 a cada 100 mil homens
O número de casos de câncer colorretal no Brasil aumentou entre 1990 e 2019, com destaque para o crescimento entre os homens. Nesse intervalo, a taxa de incidência da enfermidade entre o público masculino cresceu 2,6% ao ano, e agora a doença afeta 174 a cada 100 mil homens — antes, a média era de 83 casos por 100 mil habitantes.
As estatísticas do câncer colorretal entre mulheres também evoluíram nesse período, passando de 83 casos por 100 mil habitantes em 1990 para 145 casos a cada 100 mil mulheres em 2019, com um aumento médio anual de 1,9%.
As informações são de artigos elaborados por pesquisadores das universidades federais de Goiás (UFG), Minas Gerais (UFMG) e Rio de Janeiro (UFRJ).
O que também cresceu foi a taxa de mortalidade. Entre 1990 e 2019, a taxa de mortalidade entre homens subiu 0,9% ao ano, enquanto o aumento entre as mulheres foi de 0,2%.
O estudo utilizou dados do Global Burden Disease Study 19 (GBDI19), que compila informações de sistemas de saúde e registros hospitalares públicos, além de levar em conta o Índice Sociodemográfico, que analisa indicadores como renda, fertilidade e educação.
Os resultados mostraram que os casos de câncer colorretal entre homens cresceram mais em estados do Nordeste, como Pernambuco (3,5%), Bahia e Ceará (3,4% cada um). Entre as mulheres, a doença evoluiu principalmente no Maranhão (3,3%), Ceará (2,7%) e Acre (2,6%).
Embora as regiões Sul e Sudeste ainda concentrem as maiores taxas absolutas, o crescimento foi mais estável nessas áreas. Por exemplo, em São Paulo, a prevalência entre os homens aumentou de 115 casos por 100 mil habitantes em 1990 para 221 em 2019 (aumento anual de 2,3%), enquanto entre as mulheres foi de 83 para 145 casos (alta de 1,9%).
Fatores de risco e desigualdades regionais
O estudo aponta que fatores como envelhecimento populacional, maior consumo de álcool, tabaco e alimentos ultraprocessados, além do diagnóstico tardio — especialmente entre homens —, podem explicar o aumento da incidência e da mortalidade.
O impacto da desigualdade regional também ficou evidente. Estados do Norte e Nordeste, como Acre e Ceará, registraram aumentos prevalentes na prevalência e na mortalidade, enquanto o Sul e o Sudeste, regiões com PIBs mais altos, registraram crescimento mais controlado e menor aumento nas taxas de mortalidade.
Alerta para políticas públicas
De acordo com a epidemiologista Anelise Schaedler, da UFG, uma das autoras do estudo, os resultados reforçam a necessidade de políticas públicas externas para o rastreamento e detecção precoce do câncer colorretal. Ela destaca que as iniciativas de rastreamento devem levar em consideração as diferenças de infraestrutura entre as regiões. Schaedler disse, também, ser essencial o desenvolvimento de uma estratégia nacional desenvolvida pelo Ministério da Saúde.
“Precisamos de ações que não só identifiquem precocemente a doença, mas também aumentem as taxas de sobrevida. Investigar casos associados a fatores de risco externos é uma prioridade, já que muitos deles são evitáveis”, afirma Schaedler.
Como passos a seguir, os pesquisadores pretendem aprofundar os estudos sobre outros fatores de risco que podem influenciar o prognóstico da doença.
Fonte R7