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Internacional

Cotada para substituir Biden, Kamala Harris vira alvo de republicanos na convenção

Foto: Divulgação
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Vários oradores responsabilizaram a vice-presidente pelo fluxo de imigrantes que entram nos EUA e o aumento nos índices de violência

protagonismo crescente Kamala Harris nas eleições americanas transformou a vice-presidente em um dos alvos preferidos dos republicanos. Embora os ataques já viessem ganhando força nas últimas semanas, quando o fracasso do presidente Joe Biden no debate contra o ex-presidente Donald Trump impulsionou os apelos para que ela o substitua na corrida eleitoral, foi durante Convenção Nacional Republicana que movimento ficou ainda mais claro. Um discurso após o outro, Kamala — que ganhou a alcunha de “czar da fronteira” pelos oponentes — é responsabilizada pelo alto fluxo de imigrantes no país e pela crise de segurança que, na visão da sigla, é fruto disso.

— Por mais de um ano eu disse que o voto no Biden era um voto na Kamala Harris. Depois do debate, todo mundo sabe que isso é verdade. Se nós tivermos mais 4 anos de Biden ou um dia de Harris, nosso pais vai ficar na pior — disse a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, que disputou as primárias republicanas contra Trump, durante seu discurso na convenção na terça-feira. — Kamala tinha um trabalho, só um: consertar a fronteira. Imagina o que ela pode fazer governando todo o país.

Sob o tema “Make America Safe Again” (“Torne a América Segura Novamente”, em tradução livre), o segundo dia de convenção voltou os olhares para a crise migratória e o papel do governo, sobretudo de Kamala, nisso. Adotando cartilha trumpista, diversos parlamentares associaram a questão na fronteira com outros problemas, como a crise de fentanil e o aumento nos crimes violentos que, segundo eles, são cometidos por imigrante sem documentação.

Mike Rogers, candidato ao Senado no Michigan, disse que “nunca tinha visto nada como a política de fronteira aberta de Biden-Harris”. Já senador Eric Schmitt, do Missouri, acusou a Casa Branca de abrir a fronteira “para terroristas e para criminosos”. O senador Tom Cotton, do Arkansas, foi além e disse que a chapa democrata permitiu “uma invasão do terceiro mundo”.

— Quando Minneapolis estava em chamas e as empresas estavam em ruínas, Kamala Harris incentivou e permitiu os criminosos e os desordeiros — afirmou o deputado Tom Emmer, de Minnesota, lembrando da onda de protestos antirracistas que tomaram o país em 2020 após o assassinato de George Floyd.

O papel de Kamala no combate à crise migratória

Os oradores republicanos se referem a uma medida de 2021, quando Biden nomeou Harris para liderar os esforços da Casa Branca no enfrentamento da crise migratória na fronteira sul dos EUA com o México trabalhando com nações da América Central para mitigar as principais causas do problema. Na prática, um papel muito mais diplomático do que executivo — uma diferença que pouco importa para os republicanos.

De lá para cá, a imigração irregular nos Estados Unidos atingiu níveis recordes. Em dezembro do ano passado, o fluxo alcançou o pico histórico de 370 mil apreensões em apenas um mês. Para além da competência de Kamala em resolver ou não a questão, diversos fatores estão por trás do boom migratório no final do governo Biden, em especial a revogação do Título 42, uma política que foi usada na Era Trump para expulsar automaticamente migrantes não-documentados que tentassem entrar no país durante a pandemia. A iniciativa levou à deportação de mais de 2,8 milhões pessoas no período em que esteve em vigor, de março de 2020 a maio de 2023.

As estatísticas só começaram a cair há seis meses, quando o governo levou a cabo uma ordem executiva estabelecendo uma série de medidas rígidas para frear o movimento, incluindo o eventual fechamento temporário da fronteira quando o fluxo de cruzamentos ultrapassasse um determinado limite — medida que fazia parte do projeto de lei bipartidário impulsionado pelo presidente democrata no auge da crise em 2023. A proposta, porém, foi rejeitada pela bancada republicano a pedido de Trump.

O discurso do magnata, que foi nomeado oficialmente candidato republicano na convenção, está previsto para acontecer somente na quinta-feira, noite de encerramento. No entanto, desde que o nome de Kamala começou a ganhar força nas bolsas de apostas, Trump tem intensificado as críticas contra a vice, afirmando que ela faz parte da “esquerda radical” democrata.

— Depois de arruinar o acordo bipartidário sobre a fronteira, Donald Trump recorreu à mentira sobre o histórico da vice-presidente — respondeu Brian Fallon, porta-voz da campanha de Harris, ao jornal americano Politico. — Como ex-procuradora distrital e procuradora-geral, ela enfrentou fraudadores e criminosos como Trump durante toda a sua carreira. As mentiras de Trump não a impedirão de continuar enfrentando-o nas principais questões desta disputa.

Fonte O Globo

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