Internacional
Donald Trump se apresenta hoje à Justiça para explicar suposta compra de silêncio
Ex-presidente dos EUA é acusado de pagar US$ 130 mil a atriz de filmes adultos por caso extraconjugal antes das eleições de 2016
Donald Trump comparece nesta terça-feira (4) a uma audiência com um juiz de Manhattan, em Nova York, para ouvir as acusações pelas quais será processado no caso de um pagamento para comprar o silêncio de uma atriz de filmes adultos, no primeiro indiciamento criminal contra um ex-presidente dos Estados Unidos.
O republicano, de 76 anos, chegou na segunda-feira a Nova York a bordo de seu avião particular. Ele deixou sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida, onde repetiu que é vítima de uma “caças às bruxas” em plena campanha para tentar retornar à Casa Branca nas eleições de 2024, nas quais este indiciamento aparece com consequências imprevisíveis.
Alvo de duas tentativas de impeachment do Congresso americano quando era presidente (2017-2021), Trump foi convocado para comparecer ao Tribunal Superior de Manhattan às 14h15 (15h15 de Brasília), onde, como qualquer cidadão indiciado, será fotografado e deixará as impressões digitais registradas.
O juiz Juan Merchán — que também foi o instrutor de outro caso contra a Organização Trump, por fraude fiscal, no fim do ano passado — lerá as acusações do processo, que permanecem confidenciais.
O juiz deve permitir que a imprensa fotografe Trump por poucos minutos no tribunal, antes do início da audiência.
Inocente
De acordo com os advogados, Trump vai se declarar inocente e o caso deve prosseguir para julgamento, em uma data que ainda será determinada e que, sem dúvida, será um dos processos com maior cobertura da imprensa na história do país.
Trump é acusado pelo pagamento de US$ 130 mil (cerca de R$ 660 mil) à atriz de filmes adultos Stormy Daniels antes das eleições de 2016 para comprar seu silêncio devido a um suposto relacionamento extraconjugal ocorrido 10 anos antes, o que o empresário sempre negou.
“Biden e sua ‘gente’ sabiam” das intenções do procurador do distrito de Manhattan, Alvin Bragg, de “perseguir Trump”, escreveu o republicano em sua rede Truth Social na segunda-feira. Ele também chamou o procurador de “racista”.
O ex-presidente afirma que é impossível ter um julgamento justo em sua cidade natal, governada pelo Partido Democrata, após a decisão de Bragg de acusá-lo na quinta-feira passada, ao confirmar a decisão de um grande júri.
O procurador deve conceder uma entrevista coletiva após a audiência de Trump.
Mais jornalistas que seguidores
Diante do temor de distúrbios, como os ocorridos em 6 de janeiro de 2021, quando milhares de seguidores de Trump invadiram o Capitólio, em Washington, a polícia de Nova York está em alerta máximo e isolou as imediações da Trump Tower e do Tribunal Superior do sul de Manhattan, onde pela primeira vez um ex-presidente americano sentará no banco dos réus.
Embora não existam “ameaças críveis” para Nova York, o prefeito Eric Adams, apoiado pelos comandantes das forças de segurança, pediu aos possíveis “agitadores” que se controlem, em particular a congressista radical Marjorie Taylor Greene, que convocou uma demonstração de apoio ao magnata para as imediações do tribunal.
Os jornalistas são muito mais numerosos que os poucos seguidores de Trump que apareceram até o momento para expressar apoio.
Na 5ª Avenida, um grupo de simpatizantes do ex-presidente exibiu uma faixa com a frase: “Termine o Muro, Trump 24”, em referência ao muro na fronteira com o México para impedir a imigração.
Entre os manifestantes estava Vito Dichiara, 71 anos, um aposentado que acusou o procurador de conspirar para impedir o retorno de Trump à Casa Branca e repetiu as falsas alegações do republicado de que os democratas roubaram a eleição de 2020.
“Estou aqui para apoiar Donald Trump, ex-presidente e futuro presidente dos Estados Unidos”, declarou à AFP.
O caso Stormy Daniels é apenas um dos casos que ameaçam o ex-presidente, que também é investigado por pressionar funcionários públicos para anular a vitória de Joe Biden em 2020, com uma ligação telefônica gravada na qual pediu ao secretário de Estado da Geórgia que “encontrasse” votos suficientes para reverter o resultado.
Trump também é investigado por seu possível papel na insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, assim como pela custódia de documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca.
Fonte R7