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Economia

Grupo dono de Farm, Animale e Arezzo perde R$ 500 milhões em valor de mercado em um dia, com divórcio à vista

foto divulgação
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Ações do grupo Azzas tombam mais de 10% em um dia com perspectiva de divórcio no maior conglomerado de moda do país

As ações do Azzas 2154 — maior conglomerado de moda do país, que reúne marcas como Arezzo, Farm, Reserva e Animale — tiveram queda de 10,42% ontem, levando a companhia a perder R$ 510 milhões em valor de mercado em um só dia. O tombo veio após o site Pipeline, do Valor, informar que a fusão de Arezzo&Co e Grupo Soma, que deu origem ao grupo, desandou.

A notícia foi confirmada pelo GLOBO e, segundo fontes, o “divórcio” iminente de Alexandre Birman e Roberto Jatahy, as lideranças no topodo negócio, está na fase de discussão dos termos.

Ontem, os papéis do grupo fecharam a R$ 21,50, menor nível desde 1º de agosto do ano passado, quando a fusão foi concluída. De lá para cá, o valor de mercado da companhia encolheu de R$ 10 bilhões para R$ 4,44 bilhões.

Está aí um dos principais nós para discutir saídas para desfazer ou mudar o curto enlace. Thiago Pedroso, analista da Criteria, diz que detalhes da possível cisão não foram relatados, mas que a negociação, caso ocorra, não será simples.

O cenário fica ainda mais difícil, continua ele, caso um empresário queira comprar a parte do outro, porque há desafios em precificar a fatia de cada lado dentro da empresa. Pedroso explica que o Soma, por exemplo, comprou a Hering por R$ 5,1 bilhões, há quatro anos — levando a melhor ao disputar a malharia justamente com a Arezzo. No entanto, a Azzas hoje — combinando Soma, Arezzo&Co e incluindo Hering — vale menos que isso.

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Grupo perde mais de R$ 500 mi em valor de mercado — Foto: Arte O Globo
Grupo perde mais de R$ 500 mi em valor de mercado — Foto: Arte O Globo

Estilos incompatíveis

O caminho mais fácil, continua ele, seria uma cisão, de forma a cada um levar as marcas que tinha antes da fusão. Birman sairia com Arezzo, Schutz, Anacapri, além da carioca Reserva, comprada em 2020, enquanto Jatahy levaria Farm, Animale e outra.

Isso tampouco é simples. Em dezembro, o Azzas anunciou que descontinuaria Alme, Dzarm, Reversa Simples eTroc. O fechamento do brechó on-line foi visto no mercado como aceno na direção oposta à circularidade e a práticas sustentáveis. Já a Baw foi revendida aos fundadores da empresa.

A tese que pode vencer, conta uma fonte próxima às negociações, é que numa eventual cisão a Hering troque de mãos: em vez de sair com Jatahy, ficar com Birman.

Entre especialistas e profissionais do mercado de moda e varejo, a possível separação dos executivos, após tão pouco tempo, é vista com quase zero surpresa. E a razão para isso seria uma incompatibilidade de estilos de gestão dos dois.

Birman é descrito como um líder centralizador, focado em resultados, atento ao mercado financeiro, ainda que venha de um grupo calçadista do ramo da moda. Jatahy, por sua vez, olharia mais para a eficiência de back office, enquanto confere maior autonomia à liderança criativa de cada marca, com gestão mais compartilhada.

Paula Acioli, pesquisadora e analista de moda, afirma que as aquisições já feitas no setor não são triviais nem muito bem-sucedidas, havendo relatos de conflitos constantes:

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— No caso do Azzas 2154, a diferença entre culturas, valores e personalidades das lideranças já sinalizava, desde o anúncio do “casamento”, um possível divórcio por divergências inconciliáveis.

A incredulidade na união de dois grupos de culturas tão diferentes, dizem especialistas, se refletiu no nome da nova companhia. O 2154 é referência a uma máxima citada por Birman para sublinhar que as operações miram no longo prazo, “rumo a 2154”.

O rumo que o grupo vai tomar desperta preocupação não só no setor de moda.

— Já temos feridos. Então tem de tentar não ter mortos. Há apreensão com o futuro das marcas e dos empregos no grupo e em toda a cadeia, essa fusão impactou a concorrência — destaca Yamê Reis, coordenadora de Design de Moda no IED-Rio.

Sem contar os desembarques. O principal foi o de Rony Meisler, fundador da Reserva e apontado como força de inovação em negócios. A unidade de vestuário masculino do Azzas, que reúne as marcas do pica-pau, é a de maior crescimento. Paulo Kruglensky, que entrou para cuidar da integração da operação dos dois grupos, saiu em seis meses.

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Procurado, o Azzas 2154 informou que não comenta rumores de mercado e que segue focado na execução das suas diretrizes estratégicas.

Fonte O Globo

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