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Internacional

Mais de seis milhões de pessoas foram presas tentando entrar nos EUA durante governo Biden

Número de pessoas presas na fronteira dos EUA nos últimos três anos é o maior desde 1960 ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP
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Fluxo de imigrantes pela fronteira sul do território americano de janeiro de 2021 até setembro deste ano é o maior desde 1960

Sob a gestão do presidente Joe Biden, a Patrulha de Fronteira prendeu mais gente entrando ilegalmente no país pela fronteira meridional do que em qualquer outro período desde que o governo começou a fazer essa contagem, em 1960.

Seu mandato coincide com um movimento mundial impulsionado por milhões de pessoas desalojadas por guerras, perseguição, mudança climática, violência e desrespeito aos direitos humanos, segundo a ONU.

É maior também o número de americanos distantes da fronteira que testemunham essa tendência, pois os estrangeiros estão se espalhando pelo país, sendo que a maioria terá de esperar anos para se apresentar à Justiça imigratória. Há quem entre com o pedido de asilo com o objetivo de ficar para sempre.

Há muito tempo, os republicanos usam a imigração como arma contra os democratas; de fato, membros eleitos do partido de algumas regiões estão pedindo mais apoio do governo federal para poderem socorrer os milhares que estão chegando às cidades sem nada.

O fenômeno vem chamando a atenção para um sistema que há décadas está sob pressão, com o Congresso incapaz de atualizar as leis que deveriam solucionar os problemas da economia nacional e as tendências migratórias de 30 anos atrás. Para piorar, o sistema de requerimento de asilo, castigado pela insuficiência crônica de mão de obra e verba, acumula 2 milhões de casos, o que gera, para alguns, uma situação incontornável.

Segue aqui uma análise dos números do sistema atual, com base em dados do Serviço de Cidadania e Imigração, Alfândega e Patrulha de Fronteira e da Transactional Records Access Clearinghouse, organização sem fins lucrativos de coleta de dados da Universidade de Syracuse.

1. Mais de 6 milhões de detenções: esse é o número de prisões efetuadas pelos agentes da Patrulha de Fronteira entre fevereiro de 2021 e o fim de setembro de 2023. Nesse mesmo período, mais de 1,7 milhão de pessoas foram soltas, com direito a permanecer no país temporariamente. Outros milhares foram transferidos para um centro de detenção e libertados nas mesmas condições.

As pessoas têm um ano para dar entrada no processo de requerimento de asilo a partir da data de entrada nos EUA. Não há dados públicos sobre a porcentagem de quem entra ilegalmente e acaba requerendo esse status.

2. Mais de 800 mil requisições: esse é o número de pessoas que deram entrada no pedido nos últimos 12 meses, o que representa um salto de 63% em relação ao ano anterior.

Entretanto, uma vez que o prazo é de um ano, os valores mensais geralmente correspondem às chegadas do ano anterior. Em 2022, os agentes fizeram 2,3 milhões de detenções, o que corresponde ao maior número de imigrantes ilegais pelo menos desde 1960, quando o governo começou a fazer esses registros.

3. Mais de 2 milhões de processos acumulados: esse é o número de pessoas que estão aguardando uma resposta do governo federal para o pedido de asilo que registraram.

Algumas o fizeram porque estão sendo perseguidas ou ameaçadas de tortura na terra natal e, por isso, se encaixam nas exigências do instrumento, mas a maioria não preenche os requisitos da lei de 1980 (que ainda não foi atualizada).

Durante os períodos de pico nas travessias feitas nos últimos dois anos, pelo menos metade dos que foram detidos recebe permissão para ficar no país e brigar na Justiça para evitar a deportação.

Mesmo variando de mês para mês, os dados do governo federal mostram que mais da metade daqueles que entraram ilegalmente em julho e agosto foi solta depois de alguns dias, com permissão para estada temporária.

4. Menos de 1.500 juízes e funcionários: há 659 juízes e cerca de 800 servidores responsáveis por analisar e decidir os pedidos. Em julho, a proporção era de cerca de nove casos recebidos para cada um solucionado.

Os requerimentos são aceitos por duas agências governamentais diferentes: o Tribunal de Imigração, que faz parte do Departamento de Justiça, e o Serviço de Cidadania e Imigração, que pertence ao Departamento de Segurança Interna. A primeira opção é geralmente usada por aqueles que entram ilegalmente, entregam-se aos agentes da Patrulha de Fronteira e têm de seguir o procedimento de deportação. Enquanto aguardam uma decisão, dão entrada no pedido. O problema é que, segundo a análise dos casos e dos dados recentes de pedidos de verba, seriam necessários mais de US$ 2 bilhões para eliminar o gargalo nos próximo cinco anos.

A segunda é a escolha dos que chegam legalmente, mediante os programas de condicional humanitária ou visto de turista, por exemplo. A agência não forneceu o custo estimado de eliminação do acúmulo de requisições — que superaram a marca de 1 milhão pela primeira vez —, mas confirmou que a carência é gravíssima, e não há previsão de agilização imediata.

5. Dez anos no limbo: esse é o período que alguns são forçados a aguardar para receber uma resposta oficial. As estimativas recentes mostram que o tempo de espera médio é de três anos na Justiça imigratória e de dez no Serviço de Imigração. Mesmo que haja recursos extras para agilizar o que está parado, as autoridades recebem muito mais pedidos do que os que consegue resolver.

Para muitos, a longa espera já é um benefício em si, pois têm permissão de trabalhar e normalmente o fazem em condições muito mais seguras do que aquelas de que fugiram. De acordo com os legisladores, esse período — que tende a ser maior conforme cresce o acúmulo — é um dos maiores estímulos à imigração ilegal.

6. Um milhão e trezentas mil ordens de deportação: esse é o número de pessoas que foram instadas a deixar os EUA, mas continuam no país, segundo um funcionário que tem acesso aos dados oficiais, e inclui aqueles que tiveram o pedido de asilo negado. Uma vez dada a sentença, o imigrante tem 90 dias para sair, mas a grande maioria nunca o faz.

c. 2023 The New York Times Company

Fonte R7

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