Indaiatuba
Na CPI da CPFL, diretor da Topázio Cinemas relata prejuízos com apagões de energia
Síndicos profissionais contam que, semana passada, moradora de prédio ficou 40 minutos presa em elevador
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara de Indaiatuba para apurar as causas das constantes oscilações e apagões de energia que ocorrem no município, o diretor da Topázio Cinemas, Paulo Celso Lui, afirmou nesta segunda-feira (17) que sua empresa tem sofrido prejuízos imensos com “o péssimo serviço prestado pela CPFL”.
A afirmação foi feita na presença do presidente da CPI, vereador Arthur Spíndola, do relator Othniel Harfuch e dos membros Alexandre Peres, Ana Maria dos Santos, Leandro Pinto e Wilson Índio da Doze. O presidente da Câmara Pepo Lepinsk também acompanhou os trabalhos.
O empresário explicou que as oscilações — os chamados” piscas” — são as que mais danos produzem. “Meus equipamentos são muito sofisticados e qualquer oscilação de energia é suficiente para que, como medida de segurança, eles interrompam a projeção do filme. E é comum haver 5, 6 ou até 7 piscas num único dia, numa mesma exibição”.
“Ocorre que meus equipamentos – prossegue o empresário — precisam de 10 minutos para poder ser religado, e na quarta ou quinta vez que isso acontece durante a mesma exibição preferimos propor a devolução do dinheiro do ingresso. E às vezes ainda temos de oferecer um voucher pela pipoca e pelo dinheiro gasto pelo cliente com o estacionamento do shopping”.
Paulo Celso Lui ressaltou que, para contornar o problema causado pelas oscilações, a Topázio Cinemas adquiriu recentemente potentes aparelhos nobreaks. “E gastamos mais de R$ 10 mil por mês com a manutenção desses equipamentos para não ter de interromper a projeção dos filmes”.
O empresário ressalva, contudo, que os nobreaks não surtem efeito para os apagões de mais de meia hora que estão ocorrendo com frequência nos últimos meses. “No dia 1º de julho, no sábado à noite, estava com quatro salas lotadas e houve quase uma hora de interrupção de energia. Não houve outro jeito senão explicar ao público o que estava acontecendo e ressarcir cerca de 600 pessoas”, relatou.
Mais adiante, Paulo Celso Lui disse que neste mês de julho o fornecimento de energia tem sido o pior dos últimos anos: “No dia 10 de julho, houve interrupção de 1 hora; no dia 11 de julho, interrupção de meia hora; no dia 13 de julho, de 1 hora e 20 minutos e, no dia 14, mais 15 minutos de apagão. Tudo isso sem contar as oscilações frequentes”.
O empresário relatou outros prejuízos: dois compressores dos aparelhos de ar condicionado dos cinemas queimaram com a sobrecarga de energia — cada compressor ao preço de R$ 28 mil – além de um dia com os cinemas fechados para a realização do conserto dos aparelhos. “A minha sorte é que consegui que o seguro me ressarcisse”.
A seguir, o diretor da Topázio esclareceu que, na sua opinião, o maior dano que está tendo não é o financeiro. “É claro que o prejuízo financeiro importa, mas o dano à imagem da minha empresa e ao meu negócio é muito maior. O consumidor, muitas vezes, não entende que as falhas na projeção dos filmes não são causadas por nós e sim pela péssima qualidade do fornecimento de energia que recebemos da concessionária. Por isso, infelizmente, é comum de acontecer de nossos funcionários serem ofendidos e maltratados, após uma sequência de interrupções na projeção”.
CONDOMÍNIOS
A CPI também ouviu hoje Bruno Sapuppo de Melo e Bruno Teller Gibim, sócios proprietários da Facilita Soluções, empresa que presta serviços de gestão e de síndico profissional a 10 condomínios, entre eles o Majestic, o Villa Helvétia e o Le Jardin.
“Na semana passada, no Villa Helvétia, por falta de energia, ficamos com uma pessoa presa por 40 minutos no elevador”, contou Bruno Melo. “Isso afetou tanto o emocional da moradora que ela teve de receber atendimento psicológico”.
As reclamações vêm em peso, prosseguiu o síndico profissional: de queima de equipamentos eletrônicos, de bombas de piscinas a danos em TVs de monitoramento e em aparelhos utilizados nas portarias. “Cada condomínio equivale a um minibairro, com mais de 600 apartamentos, e os moradores relatam prejuízos materiais e problemas emocionais graves”, disse.