Luto
Sem filhos, Ary Toledo não deixa herdeiros: ‘Sou infértil, mas capaz de aparecer alguém quando eu morrer’
O humorista foi casado com a atriz e ex-vedete Marly Marley por quase 50 anos
O humorista Ary Toledo, que morreu neste sábado aos 87 anos, foi casado por quase 50 anos com a atriz, ex-vedete e diretora teatral Marly Marley. O casal, que sempre trocou elogios e declarações de amor, inclusive publicamente, não teve filhos. Em uma entrevista ao Extra, contou como vivia sem a parceira de longa data — Marly morreu em 2014 — e como foi receber a notícia de que não poderia ter filhos.
“No meu apartamento em São Paulo, conto com a ajuda de uma cuidadora, uma secretária e um enfermeiro. Só ele fica aqui comigo o tempo todo. Não tive filhos, mas não esquento. O médico me tranquilizou no resultado do espermograma: ‘Ary, fica frio, você não tem porra nenhuma!’. Sou infértil, mas é capaz de aparecer alguém se apresentando como meu filho quando eu morrer!”, contou em entrevista em 2021.
O casamento de Ary e Marly, que teve Silvio Santos como padrinho, durou 46 anos A separação veio em 2014 com a morte da esposa, em decorrência de um câncer no pâncreas. Em 2021, Ary falou sobre a saudade que sentia de Marly e da tristeza com esta perda:
“Ela foi o meu amor mais sincero, o único apaixonamento duradouro. A grande tristeza da minha vida foi perdê-la. Mas eu aceito essa determinação divina”, disse à época, para o jornal Extra.
Na entrevista, há três anos, falou sobre seu patrimônio acumulado. Afirmou que as amizades que conquistou ao longo da vida são o bem mais precioso:
“Eu não estou rico, mas consegui poupar um pouquinho, minha sobrevivência está garantida. Mas minha maior riqueza são os amigos. Se eu os vendesse, ficaria milionário”.
Quem era Ary Toledo
Conhecido por sua irreverência, Ary Toledo nasceu em Martinópolis, no interior de São Paulo, em 22 de agosto de 1937, e fez carreira na televisão e no rádio contando piadas que abordavam temas sociais, políticos e besteirol, além de causos engraçados. Ary, que cresceu em Ourinho e chegou à capital aos 22 anos, também foi cantor, letrista e ator, e começou sua carreira artística no Teatro de Arena. Cinco anos depois, passou a se dedicar como humorista, se apresentando em shows que mesclavam música e humor.
Ao longo da carreira, trabalhou em emissoras de televisão como TV Tupi, Record e SBT, e acumulou um acervo de cerca de 65 mil anedotas, muitas publicadas em livros, além de ter gravado diversos discos.
No cinema, fez trabalhos como Esse Mundo é Seu (1964) e A Compadecida (1969). O comediante também participou de vários programas de TV, como O Vigilante Rodoviário (1962), Ceará Contra 007 (1965) e A Praça É Nossa (1987). Mas foi no Show de Calouros, do Programa Silvio Santos, no SBT, que alcançou enorme popularidade junto ao público.
Como cantor e compositor, lançou seu primeiro trabalho musical em 1965, um álbum chamado “Ary Toledo no fino da bossa”, impulsionado pelo sucesso da música “Tiradentes”. Também se destacou com a canção “Pau de Arara”, de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra, mas foi incentivado pelo próprio Vinicius a se dedicar ao humor.
Fonte O Globo