Interior de São Paulo recebe arte de rua que pode ser tocada, ouvida e sentida por todos

Projeto Graffiti Pra Cego Ver leva acessibilidade multissensorial para pessoas com deficiência visual

Depois de passar por locais icônicos como o Beco do Batman e o centro de São Paulo, o projeto Graffiti Pra Cego Ver inicia uma nova etapa em seu percurso artístico e sensorial.

Produzido pela Mosaiky, o projeto agora desembarca por cidades do interior paulista levando na bagagem uma nova obra especialmente criada por Estranho — nome artístico de André Fernandes de Oliveira, grafiteiro da cidade de Jundiaí (SP).

A proposta do projeto segue firme: tornar a arte urbana acessível a pessoas com deficiência visual por meio de variadas texturas, inscrições em Braille e QR codes com áudios descritivos. Mais que uma adaptação, trata-se de uma vivência artística completa, onde o toque e a escuta ganham protagonismo e permitem a todos explorar os sentidos para “ver” de outra forma.

Para essa edição, Estranho criou uma obra com traços marcantes e atmosfera fantástica, misturando elementos naturais e imaginários em uma composição lúdica e sensorial. As cores vibrantes do entardecer contrastam com formas estilizadas e texturas variadas, que permitem ser exploradas pelo toque. O artista brinca com proporções, ausência de traços faciais e figuras simbólicas, criando um universo que convida à imaginação. A obra propõe uma experiência multissensorial, em que ver, tocar e sentir se entrelaçam.

“A ideia é que as pessoas percebam o quanto o que está dentro de nós pode refletir no outro. E que a arte é esse espelho coletivo que conecta todo mundo”, afirma o artista. Ele conta que, ao desenvolver a obra, pensou em como ela seria tocada, sentida, e não apenas vista. “Trabalhar com texturas, com relevo, pensar na inclusão… foi uma experiência transformadora como artista.”

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Arte no cotidiano urbano

Natural de Jundiaí, Estranho tem uma trajetória de 15 anos como grafiteiro e é reconhecido por sua atuação na cena local, tanto por suas criações em murais — como o icônico painel no viaduto da Avenida 9 de Julho — quanto por sua dedicação à curadoria e formação de novos artistas da região.

Seu trabalho se destaca pelo uso de cores vibrantes e pela criação de universos fantásticos que rompem com a lógica do real. Suas obras exploram a fauna e a flora em formas distorcidas, quase surreais, evocando uma atmosfera onírica, entre o sonho e a fantasia. Para ele, o grafite é mais do que uma linguagem artística — é uma forma de ocupar a cidade e torná-la mais humana, despertando sentimentos de acolhimento e conexão em quem se depara com a arte no cotidiano urbano.

Sinta, toque, escute, conecte-se

Por meio do Ministério da Cultura, Governo Federal e realização Mosaiky, o Graffiti Pra Cego Ver reafirma seu compromisso com o acesso e a diversidade. “Nosso objetivo é romper barreiras e mostrar que a arte pode — e deve — ser acessível a todos, independentemente da condição física ou sensorial”, explica Roberto Parisi, curador do projeto.

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A nova fase do Graffiti Pra Cego Ver é mais que uma exposição. É uma jornada coletiva de sensibilidade e inclusão, que convida o público a experimentar a arte com o corpo inteiro e a alma aberta.

SERVIÇO:

A partir de 24 de julho 

Artista: Estranho

Local: Instituto Luiz Braille: Av. Dr. Sebastião Mendes da Silva, 539 – Jundiaí (SP)

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A partir de 25 de agosto

Artista: Gustavo Ding

Local: Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores (ICCT): Avenida Washington Luiz, 570 – Campinas (SP)

A partir de 27 de setembro

Artista: GIM

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Local: Associação de Atendimento à Pessoas com Deficiência Visual de Piracicaba (Avistar): Av. Antonia Pazinato Sturion, 830 – Piracicaba (SP)