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Vinte anos após sua morte, Chico Xavier segue popular: veja filmes e documentários que serão lançados sobre o médium

'Nosso lar 2'Foto: Ique Esteves / Divulgação
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Ele não era uma personalidade da música ou da TV, mas pode, sim, ser visto como um astro pop. Chico Xavier já deu origem a diversas produções cinematográficas, levando milhares de pessoas aos cinemas do Brasil e do mundo interessadas em saber mais sobre as histórias que marcam sua trajetória. Só o filme “Nosso Lar’’, lançado em 2010 e baseado em uma das obras do médium, teve mais de 4 milhões de espectadores por aqui. Diretor do longa, Wagner de Assis, de 51 anos, se prepara agora para lançar pelo menos mais três trabalhos sobre Chico. “Nosso Lar 2 — Os Mensageiros’’ tem previsão de estreia para 2023. Já dois documentários — um longa de duas horas e uma série em sete episódios — ganharam o nome de “Chico para sempre’’ e devem ser disponibilizados ainda neste ano. Na conversa abaixo, o cineasta adianta o que o púbico pode aguardar de conteúdo inédito e impactante:

Cena de ‘Nosso lar 2’ é filmada com Edson Celulari e Fábio Lago Foto: Ique Esteves / Divulgação

“Nosso Lar’’, lançado em 2010, foi um sucesso. De lá para cá, Chico Xavier cresceu?

O tamanho do Chico Xavier é imensurável, e ele é cada vez mais atraente. Há muito Chico ainda espalhado pelo Brasil. Gavetas espalhadas pelo país com arquivos escondidos. Teve um sótão que desabou depois de uma chuvarada, com caixas e caixas com originais de livros, o diário de uma viagem que ele fez para os Estados Unidos…

http://extra.globo.com/videos/v/chico-para-sempre-mergulha-nos-dois-mundos-do-medium/10713365

O filme repercutiu internacionalmente. Como vê esse interesse das pessoas por ele em vários lugares do mundo?

“Nosso Lar 1’’ viaja o mundo inteiro. Tento explicar quem é o Chico para pessoas da Finlândia, da Turquia… Mas uma palestra, uma entrevista não são suficientes. São dez anos recebendo e-mails semanais. Para essas pessoas que me escrevem, é muito impactante. O filme mexe com reconfigurações de vida.

Bastidores da filmagem de ‘Nosso lar 2’Foto: Ique Esteves / Divulgação

Como são essas reações?

No Gaya, um dos maiores portais esotéricos nos EUA, “Nosso Lar’’ é o filme mais visto por muito anos. Eles renovaram por mais dez anos nosso contrato com eles. As pessoas reagem muito à ideia do reencontro com seus parentes. Isso me norteia muito na hora de fazer “Os Mensageiros’’. Contar uma história que seja boa para todo mundo. As pessoas me perguntam se todo mundo que morre vai para Nosso Lar. Qual é o nome da cidade espiritual que tem em cima de Barcelona? Para onde vão as pessoas que moram no interior do Texas? Recebo essas perguntas periodicamente. Por isso também decidi fazer um documentário, para poder dizer: “Esse é o Chico’’. Mas quanto mais a gente o investiga…

Com o que você se deparou?

Conforme fui produzindo o doc, fui ficando mais assustado. Entrevistei umas 80 pessoas. Em Uberaba, São Paulo, Brasília. E não acabavam as histórias novas. Achamos um cara que produzia os óculos dele. Esse oculista é um manancial de histórias, porque o Chico gostava de ter muitos óculos. E enquanto ele estava lá, contava histórias para o oculista. Na casa dele tem uma parede de uns dez metros só com coisas que ele viveu com o Chico. Com tudo isso, falei: não vai caber tudo em um doc de duas horas. Aí veio a ideia de também fazer a série em sete episódios.

Quais recortes você faz de Chico nesses docs?

Fui falar do Chico médium, mas também tem o Chico que é a celebridade de dois mundos. Que recebia Roberto Carlos, Wanusa, Juscelino Kubitschek… Tem o Chico da vida privada. Cheguei num centro espírita em São Paulo de uma grande amiga dele. Ela me levou num quartinho onde o Chico se hospedava. Nunca tinha aberto esse quarto para ninguém. Aí eu começo a puxar as gavetas e tem o terno, a peruca dele… Então eu fui desenvolvendo episódios além do longa-metragem de duas horas. E mesmo assim estou tendo dificuldade para editar, porque daria para fazer muito mais. Só de casos “sobrenaturais’’ do Chico Xavier que pessoas viveram e relatam (relatos primários) a gente poderia passar dias e dias contando.

http://extra.globo.com/videos/v/chico-xavier-e-personagem-em-filme-que-conta-historia-de-ze-arigo/10713282

E há passagens curiosas que você poderia adiantar?

Eu entrevistei um dos biógrafos dele, o Jhon Harley. Ele é de Pedro Leopoldo (cidade onde Chico nasceu) e narra coisas que foram passando por tradição oral. O que ocorreu no dia 2 de abril de 1910 (nascimento do médium), os fenômenos que ocorreram na cidade, voos de garça, história com perfume…

Há muito material inédito?

Foi a primeira vez que algumas pessoas decidiram dar depoimentos: a sobrinha dele, gente que estava muito próxima. Fomos entrevistar também pessoas que estavam dentro do hospital quando Chico estava internado (em junho de 2001, com pneumonia) e aconteceu a famosa história da luz que entrou no quarto. Essas pessoas narram o que aconteceu naquela hora. A melhora dele, que foi impactante. Dona Joselma, da União Espírita Mineira, topou falar. Ela conta com riqueza de detalhes o episódio. Tem os originais de uma viagem dele pra Nova York. Tem Fabio Jr. cantando uma música que compôs para o Chico. Bastante coisa que mostra como ele é grande! Por isso é “Chico para sempre’’.

Edson Celulari atua em ‘Nosso lar 2’Foto: Ique Esteves / Divulgação

Durantes as filmagens, aconteceram fatos inexplicáveis?

Teve um dia em que a porta abriu sozinha. A gente estava lá filmando e, de repente, a porta abriu devagarzinho e parou. Não bateu, como se fosse vento, nada disso. A equipe técnica ficou apavorada! Eu cortei. Os atores se olharam… E eu disse: “Está tudo certo. Se a porta abriu é porque alguém queria entrar ou sair. Vamos encostar a porta e continuar a cena’’.

Filme ‘Nosso lar 2’Foto: Ique Esteves / Divulgação

Como você trata os críticos do Chico Xavier?

A gente lida com os primeiros ataques, com ele sendo confrontado em sua mediunidade, até que em certo ponto isso vai diminuindo. Quando as pessoas entenderam a pujança que era o trabalho de caridade dele, as críticas diminuíram e, no final dos anos 60, ele pôde ter um pouco de respiro para poder fazer um trabalho potente. Mas acho que tem que estar tudo lá. O Chico não gostaria que a gente o colocasse num pedestal.

Você é espírita?

Eu nasci em berço espírita. Estudei em escola católica, mas ia tomar passe desde que eu me entendo por gente. Eu me considero um espírita cristão ecumênico, porque o que eu gosto do espiritismo é a sua capacidade de conversar com qualquer religião. E tenho uma premissa: não gosto do termo filme espírita, porque espiritismo não é gênero, é uma doutrina. O acerto do “Nosso Lar’’ no meu modo de ver é que é um filme que conversa com todos os lugares, por isso ele está em cerca de 40 países. Não existe uma ideia de querer doutrinar com os filmes.

(Colaborou Gabriela Germano)

Atores se preparam para cena de ‘Nosso lar 2’Foto: Ique Esteves / Divulgação

Edson Celulari em ‘Nosso Lar 2’

Na continuação de “Nosso Lar’’, Edson Celulari interpreta o mensageiro Aniceto. Um anjo que desce à Terra com o propósito de ajudar pessoas a evoluírem, atuando ao lado de André Luiz (Renato Prieto), personagem central do primeiro longa.

— Nunca participei do espiritismo e estou curioso a partir das pesquisas que fiz para realizar o personagem. Perdi meu pai há 20 e tantos anos. Adoraria poder falar com ele. Estou tentando me informar se, após o filme, eu consigo uma comunicação com ele. Seria maravilhoso — confessa Celulari.

O diretor Wagner Assis conta que, nesta continuação, a história foca na relação entre encarnados e desencarnados:

— Agora o filme se passa muito mais aqui (no plano terreno) do que no Nosso Lar.

Cena de filme sobre Zé Arigó
Cena de filme sobre Zé Arigó Foto: Divulgação

Filme retrata primeiro médium a fazer cirurgias espirituais

Com um elenco de peso, outro filme de temática espírita prestes a chegar às telonas é “Predestinado: Arigó e o Espírito do Dr. Fritz’’. O longa narra a história real de José Arigó (Danton Mello), que através do espírito de Dr. Fritz, médico alemão morto durante a Primeira Guerra Mundial, se tornou uma esperança de cura para milhões de pessoas. Entre as décadas de 50 e 70 do século passado, ele foi o primeiro médium a realizar cirurgias espirituais. Por isso, foi alvo de incontáveis críticas, mas, com o apoio da mulher, Arlete (Juliana Paes), e orientações de Chico Xavier (João Signorelli) para trabalhar sua mediunidade, seguiu com seriedade seu trabalho sem ganhar recompensa financeira.

“Ele foi um homem fora do comum, amado, venerado. É muito louco pensar no que ele fez, na quantidade de gente que ele curou, que ele operou. E é difícil pensar nisso e não acreditar”, resume Danton no teaser de lançamento.

Dirigida por Gustavo Fernandez, a produção tem data prevista de estreia para o dia 1º de setembro.

Fonte Jornal Extra

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